Esse blog tem como objetivo ampliar o conhecimento sobre o assunto Exercício Físico e Cérebro, a partir de informações publicadas em revistas científicas

terça-feira, 1 de junho de 2010

A evolução da espécie e o sedentarismo: questão filosófica!?


Segundo Darwin e sua teoria da evolução, características favoráveis de sobrevivência ao meio que são genéticas tornam-se mais comuns em gerações sucessivas de uma população que se reproduz, enquanto características desfavoráveis tornam-se menos comuns. Pois bem, hoje o homem encontra-se extremamente adaptado ao meio, suas características físicas, ou seja, seu fenótipo é extremamente evoluído para acompanhar e dar subsídios às suas necessidades básicas e, portanto, sua sobrevivência. Segundo o pesquisador britânico Steve Jones a evolução acabou, ou seja, graças ao nosso estilo de vida, conseguimos sobreviver e nos reproduzir sem depender das diferenças herdadas para enfrentar o frio, a fome e as doenças. Assim, nos dias de hoje o mundo se adapta ao homem e não o homem se adapta ao mundo.
Especificamente falando sobre atividade física, o homem caçava, plantava e colhia para adquirir seu alimento. Para fugir do perigo, o homem usava tanto seu raciocínio (o que o diferia dos demais animais) e seu corpo adaptado para correr/fugir. Além disso, sua sobrevivência foi intimamente associada com sua capacidade de comunicação e pelo desejo de entender e influenciar o ambiente.
O que temos hoje? Um homem que não se esforça para o seu alimento (só vai ao super mercado ou pela internet e compra sua comida) e para o preparo dela (aperta um botãozinho on/off do microondas). Devidamente alimentado, o homem não foge do perigo (visto que não existem mais predadores no nosso convívio). O maior perigo que hoje enfrentamos é a violência URBANA, portanto, para fugir dela: NÃO SAIA DE CASA. Além disso, sua capacidade de comunicação está profundamente aumentada com o avanço da tecnologia (vide e-mails, celulares, blogs, twitter). Para sobrevivermos, portanto, nos dias de hoje, o que seria necessário? Trabalhar, estudar, atualizar-se.. Contudo, o resultado de todo esse avanço tecnológico somado ao tempo que gastamos no computador, realizando pesquisa e teses, levam o homem moderno ao sedentarismo. Ou seja, a sobrevivência (HOJE) pode estar correlacionada de forma direta ao sedentarismo. No entanto, paradoxalmente, ao tornar-se sedentário o homem torna-se exposto a doenças que podem o levar a morte.
 Por outro lado, se levarmos em conta a expectativa de vida crescente, podemos concluir que o homem continua no ciclo da evolução, adaptando-se para a sobrevivência. Ainda existem adaptações genotípicas, as quais favorecem um melhor funcionamento dos nossos sistemas (cardiovasculares, músculo-esqueléticos, digestivos, respiratórios,..) . Sobretudo, por influência do meio (estilo de vida) essas alterações podem ser via epigenética, tornando o indivíduo cada vez mais adaptado para a sobrevivência, seja por manter-se fisicamente ou mentalmente saudável.
Assim, se o homem adaptou o meio para o seu maior conforto, para viver e sobreviver, usando da inteligência ao seu favor. É necessário que ele desconstrua esse paradigma, e, portanto, usando de sua sabedoria, continue adaptando-se ao meio. O corpo precisa de movimento! Sua saúde mental e física agradecem.
 *** A filosofia sobre essa questão não acaba por aqui, vou continuar filosofando =)


Vaynman, S., & Gomez-Pinilla, F. (2006). Revenge of the “Sit”: How lifestyle impacts neuronal and cognitive health through molecular systems that interface energy metabolism with neuronal plasticity Journal of Neuroscience Research, 84 (4), 699-715 DOI: 10.1002/jnr.20979

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